quinta-feira, 6 de junho de 2013

Origem e história das minúsculas

Trecho do Manuscrito de Freising (séc. X),
um dos mais belos exemplos de minúscula carolíngia

As maiúsculas, todo mundo sabe: primeiro apareceram nas fachadas e nos monumentos de Roma no século I como elemento decorativo que enfatizava o poder dos romanos no começo da era cristã. Mas e a caixa-baixa? Aconteceu no século VIII, sob o reinado de Carlos Magno, o rei do mundo naquela época. Carlos Magno convocou o escriba-mor da corte, o Bispo Alcuin, na cidade de York, e encomendou-lhe uma letra que fosse bela, legível e fácil de escrever.

Alcuin criou uma letra maravilhosa chamada “Minúscula de Carlos Magno” ou Minúscula Carolíngia. Essa letra passou a ser obrigatória para todos os escritos do rei, que queria assim fazer com que todos lessem a Bíblia do mesmo jeito, dando-lhe uma interpretação padronizada (a igreja sempre por trás dos escribas). A Minúscula Carolíngia era usada em todas as situações, o que na verdade foi a primeira identidade visual racionalmente criada com objetivos pré-estabelecidos. Hoje em dia, é fácil datar os livros dessa época só pela sua letra. Mas a grande vitória da Carolíngia foi na Renascença, quando o alfabeto foi todo redesenhado. O padrão para as maiúsculas foi a Capitalis Romana do século I, e o padrão adotado para as minúsculas foi a carolíngia que, por um erro de datação, foi classificada como contemporânea da Capitalis, setecentos anos mais velha. Então, a maiúscula é filha da arquitetura clássica de Roma [...]. E a minúscula é filha da mão do bispo Alcuin, o grande calígrafo de Carlos Magno.

(GIL, Cláudio.  De onde vieram as minúsculas. In ORCADES, Carlos M. (Org.) Almanaque Tipográfico Brasileiro. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008, p. 16).