quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Na rede com Maiakovski

Na primeira noite eles se aproximam
e fecham o Megaupload
da nossa rede.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:
bloqueiam os compartilhadores P2P,
tiram links para torrents do ar,
e não dizemos nada.

Até que um dia,
o mais FDP deles
entra sozinho em nossa casa,
confisca nossos PCs, e,
conhecendo nossa senha,
apaga todos nossos arquivos.
E, como não compartilhamos nada, já não podemos postar nada.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sociologia da sala de cinema



Se procedêssemos a uma descrição sistemática e a uma análise de determinados comportamentos sociais existentes dentro de uma sessão de cinema, poderíamos esboçar os seguintes tipos:

a) nerds que permanecem sentados até a passagem de todos os créditos finais, aguardando por alguma cena prólogo de algum de filme de super-herói vindouro (com o tempo, esse hábito também passou a fazer parte da rotina dos não nerds);

b) pipoqueiros obsessivo-compulsivos, com talento para fazer o máximo de barulho possível com a mastigação de pipoca;

c) tagarelas que ficam contando (bem alto, pra todo mundo ouvir) não só o final do filme cuja sessão estão assistindo (isto é, já viram mas estão lá pra contar cada detalhe para sua companhia) como também os finais de outros filmes em cartaz;

d) desinteressados, que dispõem da sala de cinema como mera sala de estar enquanto conversam a sessão inteira ao celular (e alto, sem qualquer noção, sem qualquer respeito aos ouvidos alheios);

e) beijoqueiros, subsegmento dos desinteressados que pagam o ingresso em uma sessão apenas para aproveitar o escurinho do cinema para se atracarem;

f) cinâmbulos (cine + sonâmbulo), que pagam para nunca assistir a um longa inteiramente (e ainda pensam que "dormiram na metade", quando dormiram bem antes)
g) outros dos quais não me lembro agora

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Proposta de verbete para a próxima edição do Houaiss

céunado s.m. (sXXI) 
Câmara de alta renda, cujos membros concursados representam o paraíso salarial do funcionalismo público de um país. Lugar em que trabalham pessoas cuja renda mensal corresponde a um salário surreal, que você, mero mortal, jamais imaginou receber como funcionário público. ◎ Etim.: do concursês ceunadus, 'céu dos afortunados'.