domingo, 30 de novembro de 2008

Longe da tela, perto de mim


Lá estava eu no meio daquele saguão do Cine Brasília, concentrado e aguardando alguém do outro lado da linha me atender no celular, quando vejo uma menina branquiiiinha, de olhar distante, que logo de cara me pareceu familiar: tinha acabado de assistir "Proibido Proibir" no DVD lá em casa naquela tarde, e agora aquela personagem do filme estava bem ali, com aquele mesmo jeitinho de se vestir, na minha frente, na companhia de um desconhecido. Tão simples, despojada e discreta que nem parecia atrair a atenção de cinéfilos e admiradores. A minha atraiu...


Fitei-a - devidamente paralisado - por vários segundos; após um certo intervalo, tornava a fitá-la. Posso jurar que em um momento ela chegou a perceber meu contido assédio visual, mas em sua natural discrição aceitou a reverência silenciosa que eu fazia. Até porque não a devorava com os olhos, só estava ali a apreciar a beleza que, em meu imaginário, se transfigurava alternadamente, ora em atriz, ora em personagem.


Eis que nova sessão se aproximava e outros jurados do Festival vieram chamá-la para junto deles. Com o corpo paralisado, só meus olhos a seguiram, rumando ao interior da sala de projeção.


Por alguns minutos, tive a menina Flor diante dos meus olhos. Como jamais terei por horas diante de uma tela.